quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Lorcaserina é suspensa pela Anvisa por ainda não ter registro no Brasil




Na última quarta-feira, dia 6, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), suspendeu a fabricação, importação, comercialização, manipulação e uso do insumo farmacêutico ativo Lorcaserin, usado para tratamento de sobrepeso e obesidade. Não está clara a procedência do princípio ativo que vinha sendo manipulado e comercializado por algumas farmácias no Brasil, mesmo sem o registro da Anvisa.

"A gente não entendia muito bem como funcionava a importação do princípio ativo. Ele não tinha sido aprovado na Anvisa, mas estava sendo importado há mais de um mês, e a nossa preocupação é com a origem, quem estava fornecendo esse medicamento", explicou a diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Maria Edna de Melo, em entrevista ao Portal Uol. "Entramos em contato com a ouvidora da Anvisa para obter mais informações sobre a importação do medicamento, que, até onde sabemos, nunca foi submetido à análise na agência", completa a endocrinologista.

Ainda na reportagem do Uol, o endocrinologista Márcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e também membro da Abeso considera estranha a inversão. “Primeiro o medicamento tem que ser aprovado pelo órgão e só depois de dez anos de quebrada a patente é que ele pode ser manipulado pelas farmácias. É papel da Anvisa fiscalizar a entrada dessa droga", considera o endocrinologista Márcio Mancini.

A Abeso reconhece a carência de drogas para tratamento do sobrepeso e da obesidade no Brasil - especialmente após a proibição recente de derivados da anfetamina -, mas a entidade faz um alerta sobre o cuidado com a origem dos medicamentos para não colocar em risco a segurança dos pacientes.

A lorcaserina, conhecida comercialmente como Belviq nos EUA, foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA), agência que regula alimentos e remédios naquele país, em 2012, e entrou no mercado norte-americano este ano.

O fármaco age de forma parecida com a sibutramina, pois melhora o fluxo de serotonina no cérebro. Um efeito colateral comum é o aumento da frequência cardíaca, mais fraco no que na sibutramina. "Ele se mostrou muito seguro, pois age num receptor específico no cérebro, que não existe no coração, o que diminui o risco de comprometimento das válvulas cardíacas. É um medicamento superior à sibutramina", considera Maria Edna.

Nota da Anvisa
Insumo Farmacêutico Ativo é suspenso

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou, nesta quarta-feira (6/11), a suspensão da fabricação, importação, comercialização, manipulação e uso do insumo farmacêutico ativo Lorcaserin.

No Brasil não há nenhum medicamento registrado com este princípio ativo. O medicamento (comercializado com o nome Belviq) possuía registro na Europa até maio de 2013, mas foi cancelado depois que o Comitê para Produtos Medicinais de Uso Humano da EMEA (Agência de Medicamentos Européia) alegou que o medicamento não deveria ter sido aprovado para o tratamento de sobrepeso e obesidade. O produto apresentou potencial risco de tumores, particularmente com o uso em longo prazo, com base nos resultados dos testes laboratoriais.

De acordo com a RDC 204/2006, é proibida a importação e comercialização de insumos farmacêuticos destinados à fabricação de medicamentos que ainda não tiverem a sua eficácia terapêutica avaliada pela Anvisa.
 
 http://www.abeso.org.br/lenoticia/1075/lorcaserina+e+suspensa+pela+anvisa+por+ainda+nao+ter+registro+no+brasil.shtml

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